PSD destrona PS, Chega falha meta e sete bastiões caíram: o filme da noite eleitoral

As sondagens apontavam para uma noite eleitoral renhida nas principais cidades do país, mas os resultados trouxeram a vitória do PSD nas duas maiores câmaras: Lisboa e Porto. Carlos Moedas foi reeleito presidente da câmara de Lisboa e o ex-ministro Pedro Duarte venceu a eleição no Porto.

No totalidade, o PSD conseguiu ocupar 136 autarquias e o PS 127. Os socialistas perdem, por isso, a presidência da Associação Pátrio de Municípios Portugueses.

O Chega, embora tenha conseguido – pela primeira vez – três câmaras (Albufeira, Entroncamento e São Vicente), não atingiu todos os objetivos a que se propôs, foi pelo menos o que disse André Ventura ao fechar da noite.

Destaque ainda para outras mudanças de cor importantes: Sintra, que deixa de ser PS, com a vitória de Marco Almeida; Viseu, que passa a ser socialista, em seguida anos de governação do CDS e do PSD; Bragança, que também deixou de ser ‘laranja’; Gaia, com o revinda de Luís Filipe Menezes, 12 anos depois; Coimbra, conquistada para o PS (em coligação com o Livre e PAN) por Ana Abrunhosa; Guimarães, que o PS perde para o PSD e o CDS, Faro, com a coligação de direita a perder para os socialistas, e Setúbal, onde a CDU perde a câmara para a ex-autarca, agora a concorrer uma vez que independente.

Nestas eleições, perderam-se ainda sete bastiões autárquicos. Dos 24 concelhos que nunca haviam mudado de cor política, ficaram unicamente 17. O PS perdeu três câmaras históricas, enquanto o PSD e o PCP perderam, cada um, duas.

Moedas mantém ‘reinado’ em Lisboa, Leitão assume rota

A luta foi renhida, mas a coligação de direita PSD/CDS/IL acabaria por triunfar sobre a fente de esquerda PS/Livre/BE/PAN. Carlos Moedas esperou pelo final da noite, já quando os votos estavam quase todos contados, para trovar vitória. Foi reeleito presidente da câmara da capital com mais 30 milénio votos do que nas últimas eleições. No exposição da noite, pediu “responsabilidade” à oposição e que o “deixe governar” Lisboa.

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Antes de Moedas discursar, já Alexandra Leitão tinha concedido a derrota. A socialista que encabeçava a coligação de esquerda assumiu “inteiramente a responsabilidade” por um resultado que, admitiu, não era o que queria. Deixou uma vez que promessa “lealdade a quem ganhou as eleições”, mas também uma “oposição rigorosa, firme e prepositiva”.

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Pedro Duarte bate Pizarro na corrida ao Porto, mas deixa-lhe “saudação próprio”

E se no Porto as sondagens também apontavam para um empate técnico, que se manteve ao longo de grande segmento da noite, foi mesmo Pedro Duarte, a encabeçar a coligação PPD/PSD/CDS-PP/IL, a ocupar o lugar. Conseguiu mais 2.008 votos que Manuel Pizarro e sucede ao independente Rui Moreira.

No exposição de final de noite, Pedro Duarte agradeceu à cidade do Porto a “magnanimidade e nacionalismo” e por “de forma tão sábia, saber aquilo que quer para o seu horizonte”. Sem olvidar o inimigo, a quem deixou uma “saudação próprio”.

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Pizarro não quis deixar lugar para dúvidas e já declarava derrota quando passavam tapume de 20 minutos da meia-noite: “Nós perdemos as eleições”. Destacou, no entanto, que o PS duplicou o número de vereadores, obtendo seis lugares na Câmara Municipal, igualando assim o número da coligação vencedora.

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Porquê os líderes veem o novo planta autárquico

No final da noite, Luís Montenegro era um líder mais do que satisfeito. “Somos, efetivamente, objetivamente, os grandes vencedores. Não sei expor isto de outra maneira”, declarou. O presidente do PSD festejou a conquista do título de partido com maior número de autarquias – e, com ele, da tomada da Associação Nacional de Municípios -, assim como de freguesias. Mas ter mais câmaras não significa que se consiga governar em todas. Para isso, é preciso fazer acordos – e Montenegro não mostrou pudor em dialogar com o Chega para compreender condições de governabilidade nas autarquias. “A democracia deve conviver com isso, com naturalidade”, defendeu.

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Apesar de ter perdido a liderança da Associação Pátrio de Municípios, o PS não encarou esta noite uma vez que uma rota. José Luís Carneiro declarou mesmo o regresso do partido, em seguida o sinistro das últimas eleições legislativas. “Para aqueles que entendiam que o PS estava numa perda definitiva de representatividade, o PS mostrou vitalidade e voltou”, afirmou. O secretário-geral socialista festejou a conquista de cinco capitais de região e declarou-se, “de novo”, o “grande partido de selecção política democrática” à AD.

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E se ao início da noite eleitoral André Ventura cantava vitória, ao declarar o Chega “um partido de vitórias autárquicas” – com a conquista de três câmaras municipais -, a noite terminou com o líder do partido a reconhecer que, apesar de tudo, não atingiu todos os objetivos. “Hoje não vencemos, mas vamos lutar para vencer”, disse.

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Numa noite de vencedores e vencidos, Paulo Raimundo não tem dúvidas de que ‘lado’ colocar a CDU: o resultado do partido neste ato eleitoral foi “em geral negativo”. Alguma coisa que, admitiu, reflete um “quadro particularmente exigente” durante a campanha. Não há, no entanto, lugar para “vaticínios”. É pelo menos o que ditam os quatro novos municípios que passam para as mãos da CDU (Mora, Sines, Montemor-o-Novo e Aljustrel).

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O presidente do CDS, Nuno Melo, classificou a noite como “muito feliz” e fala num “ciclo de desenvolvimento” para os centristas. O partido manteve todas as câmaras que já liderava e elegeu autarcas em várias regiões do país, incluindo continente, Açores e Madeira. “Para aqueles que dizem que o CDS já acabou: desenganem-se, o CDS está cá”, atirou.

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Mariana Mortágua foi ‘cautelosa’ ao avaliar os resultados do partido: classificou-os uma vez que “modestos”. Não reconhece, no entanto, erros na estratégia do partido, que considera “correta” e com um “rumo para o horizonte” num contexto de “viragem à direita”. Se podem ter sido resultado da sua exiguidade? Não acredita, até porque considera que o Conjunto tem “muitas pessoas muito qualificadas para o simbolizar”.

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À direita, a presidente da Iniciativa Liberal destaca o “resultado extraordinário” do partido, decisivo para “fechar as portas à esquerda radical”. Naquela que foi a primeira campanha de Mariana Leitão enquanto líder, prometeu e cumpriu: triplicar o número de eleitos em 2021. Para futuras autárquicas, espera ver “um planta um pouco mais dissemelhante”, com “mais presença da Iniciativa Liberal”.

Inês Sousa Real congratulou-se com a vitória das coligações das quais o PAN faz segmento, garantindo que o partido “vai ter oportunidade de fazer a diferença” e continuará a trabalhar em prol das causas que defende. Deixou ainda um alerta: “As pessoas não querem saber se os partidos são de esquerda ou direita para resolver os seus problemas – querem que estejam abertos a dialogar.”

As imagens que marcaram a noite eleitoral 

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